Quando o Esporte Inspira a Arte:
Os Jogos Olímpicos
Robert Delaunay, The Runners, c. 1924, Museu Nacional da Sérvia.
Introdução
Enquanto Paris recebe a XXXIIIa edição dos Jogos Olímpicos, de sexta-feira, 26 de julho a domingo, 11 de agosto de 2024, a contempo celebra este evento global convidando você a um passeio pela representação artística dos esportes.
Capturando o Esporte ao Longo dos Séculos: Documentação Visual Desde os Tempos Antigos Até o Presente
O mundo antigo está repleto de representações artísticas de esportes e proezas físicas. Os atletas, ícones supremos, são retratados como símbolos idealizados de força e virtude. Mesmo antes dos Jogos Olímpicos (776 a.C. – 393 d.C.), encontramos representações estatuárias notáveis de boxeadores, lutadores e atletas.
Civilização grega, afresco de jovens boxeadores, Akrotiri, Thera Island, Santorini, Grécia.
A tumba dos Olimpíadas de Tarquinia (530-520 a.C.), na Necrópole de Monterozzi exibe uma variedade de esportes antigos, incluindo corrida, salto em distância, lançamento de disco, boxe e corrida de bigas. Da mesma forma, os mosaicos da Villa Romana del Casale em Piazza Armerina (século IV d.C.) oferecem vislumbres de mulheres participando no mundo dos esportes.
Arte Etrusca, Corrida ( detalhe) Tomb of the Olympiads, Tarquinia, Itália.
Civilização Romana, Mulheres Jogando Bola, detalhe do Mosaico das Dez Donzelas. Villa Romana del Casale (UNESCO World Heritage, 1997), Piazza Armerina, Sicília. séc. 4.
Cada era tem seus próprios esportes característicos: por exemplo, na Idade Média, as representações de duelos, torneios e justas eram comuns.
Enquanto isso, na era renascentista, a caça e os jogos com bola, juntamente com disciplinas associadas à guerra, como esgrima e equitação, ganharam popularidade.
Torneio em St Inglever. British Library, Londres.
O tênis, cuja história remonta ao século XII-XIII na França, é um esporte que resistiu ao teste do tempo. Inicialmente jogado apenas com a bola, sem raquetes, era um jogo de habilidade e estratégia entre dois jogadores ou equipes, em quadras ao ar livre divididas por uma linha. O jeu de paume (jogo de palma) floresceu durante os séculos XVI e XVII na França, deixando sua marca na história através de várias pinturas. Notavelmente, o icônico "Juramento do Jogo da Pela" em 20 de junho de 1789, momento crucial que precedeu a Revolução Francesa, foi assinado em uma quadra de tênis.
Jacques-Louis David, Serment du Jeu de Paume le 20 juin 1789, séc. XVIII, Musée Carnavalet, Paris.
Esportes Pelos Olhos dos Impressionistas
No final do século XIX, o encontro entre esporte e arte tomou o centro do palco, cativando o mundo artístico e inspirando uma onda de criatividade. O esporte tornou-se a musa de muitos artistas, levando a uma exploração fascinante do mundo através de diversas técnicas e linguagens artísticas.
Essa fusão dinâmica de esporte e arte desempenhou um papel fundamental na formação da sociedade moderna, impulsionada pela descoberta de artefatos gregos antigos e o nascimento histórico dos Jogos Olímpicos modernos em 6 de abril de 1896, sob o patrocínio do Rei Jorge da Grécia. Simultaneamente, o aumento da cultura e popularidade dos esportes solidificou ainda mais sua importância como elemento fundamental da era.
Gustave Caillebotte, Les canotiers, 1877, Coleção Particular, Paris.
Os impressionistas franceses, cativados pela beleza da vida cotidiana, foram atraídos pelo mundo dos eventos esportivos. Gustave Caillebotte e Auguste Renoir criaram inúmeras obras retratando o remo. Enquanto isso, artistas americanos como Winslow Homer focaram em esportes mais aristocráticos, como o críquete e a equitação. O tema da corrida, seja a cavalo ou de bicicleta, despertou a atenção o eclético artista Henri Toulouse-Lautrec.
O Dinamismo de Boccioni e Delaunay
No início do século XX, os artistas foram cativados pelo fascínio dos esportes "mecânicos", particularmente aqueles fascinados pelo movimento e pela velocidade. Fossem bicicletas ou carros, os diversos meios de transporte tornaram-se um tema fascinante de estudos para compreender como o corpo humano se transforma no espaço através do movimento.
O "Dinamismo de um Jogador de Futebol" e o "Dinamismo de um Ciclista", ambos criados em 1913, servem como exemplo para o estudo do Futurismo e de Umberto Boccioni.
Umberto Botionni, Dinamismo di un Ciclista, 1913, Coleção Particular, Milão.
Ao mesmo tempo, os Jogos Olímpicos de Paris de 1924 destacaram uma nova era dos esportes, como podemos observar nas obras de Robert Delaunay. De 1924 a 1926, ele produziu 8 pinturas dedicadas a corridas, focando especificamente nos corredores. A corrida emergiu como um tema moderno, e o artista capturou seu dinamismo através de linhas e volumes interseccionados, brincando com cores primárias e complementares.
Desvendando 6 Disciplinas Olímpicas Atemporais
Para ilustrar melhor a profunda conexão entre esporte e arte, identificamos 6 disciplinas – as mesmas apresentadas nas Olimpíadas modernas inaugurais em 1896 – e para cada uma, apresentamos uma coleção curada de imagens.
Atletismo
Richard Hamilton, Adonis in Y Fronts, 1963. Museum of Modern Art ( MoMA) Nova York.
Georg Pauli, Mens Sana In Corpore Sano, 1912, Mälmo Art Museum, Mälmo, Suécia.
Claudio Bravo, Noureddine, 1983.
Ginástica
Friedrich Seidenstuecker, Junge Frau im Badeanzug mit seitlicher Knopfleiste bei der Gymnastik - c. 1930.
Albert Jopseph Penot, Female Dancer, with Three White Mice, Coleção Particular, França.
Tênis
John Lavery, Played, 1885.
Carla Carro, La Musa Metafisica, 1917. Pinacoteca di Brera, Brera, Itália.
Edward Hopper, Tennis Players, 1916–20. Whitney Museum of American Art, Nova York.
Natação
Gustave Caillebotte, Le Nageur, 1877. Musée d'Orsay, Paris.
René Maigritte, La baigneuse, 1925. Coleção Particular.
Esgrima
George Demeny, Montagem Cronofotográfica, 1906.
Mather Brown, Henry Angelo, c.1790, National Portrait Gallery, Londres.
Ciclismo
Ramon Casas, Ramon Casas i Pere Romeu en un Tandem, 1897. Museu Nacional d'Art de Catalunya, Barcelona.
